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Ceará ocupa terceira posição do Nordeste em postos de gasolina investigados por infrações

  • Foto do escritor: Edson Baima
    Edson Baima
  • 3 de jun. de 2018
  • 4 min de leitura


Greves, crises e paralisações. Esse é o cenário no qual se vive hoje no País. Caminhoneiros em protesto ao custo excessivo do combustível pararam o Brasil. Agora, imagine: além do alto valor, você corre o risco de que o combustível abastecido em seu veículo pode ser adulterado. Muitos postos de gasolina adulteram seus produtos para faturarem mais e, muitas vezes, não são descobertos.


Nos últimos seis anos o valor médio da gasolina quase chegou ao dobrou no Ceará. Em 2012, o litro da gasolina custava R$ 2,72, atualmente custa R$ 4,99, o que indica em um aumento de 83,6% do valor de seis anos atrás. Esse é valor final da gasolina, ou seja, o preço que o consumidor paga. O preço que as empresas de postos pagam é menor, mas também aumentou. Alguns donos de postos perceberam, no bolso, a crise e tentaram lucrar a qualquer custo.


Em 2016, 25 postos foram investigados em Fortaleza, segundo pesquisa do Procon em parceria com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Desse total, 17 foram penalizados por adulteração no combustível e oito foram advertidos por uso indevido de equipamentos e produtos.


Só no primeiro semestre de 2017, segundo o Boletim de Fiscalização do Abastecimento, divulgado pela ANP, o Ceará ocupou a terceira posição do Nordeste em postos notificados por infrações. Com um total de 199 estabelecimentos investigados, 88 cometeram delitos e 23 foram interditados por serem incapazes de fornecer um serviço adequado à população. Entre janeiro e fevereiro deste ano, dois postos suspeitos de fraude foram fechados a partir de denúncias realizadas por consumidores pelo excesso de álcool na gasolina. Para a enfermeira Marcella Oliveira, 26, esses dados deveriam assustar mais o consumidor e, como ela, ficar cada vez mais alerta quanto aos locais onde abastece. "Eu abasteci em um posto de gasolina na avenida Osório de Paiva, perto de onde trabalho e, no outro dia, quando fui sair, o carro ficou falhando e acendeu uma luz no painel. Levei o carro ao mecânico e ele falou que era problema na injeção eletrônica por conta da gasolina adulterada. A partir deste dia em que tive a infelicidade de abastecer meu carro com gasolina adulterada, passei a abastecer em um posto perto da minha casa, na Cidade dos Funcionários", relata.


Segundo Vicente Ferreira, 55, dono de posto na capital cearense e com cerca de 35 anos de experiência no ramo, há maneiras fáceis de adulterar a gasolina. “A primeira fraude é bem simples, é misturar álcool na gasolina, porque um carro flex ‘queima’ qualquer percentual de mistura. A gasolina tem que ter 27% de álcool misturado no combustível, mas se o dono de posto quiser colocar o álcool dentro do tanque da gasolina em qualquer proporção os carros flex vão rodar. Então, o sujeito que faz isso não precisa ter nenhum tipo de inteligência, nem equipamento. Ele vai vender um combustível com menos gasolina e mais álcool, conseguindo lucrar mais. É uma fraude bem primária”, comenta.


Fraude metrológica

Agora o que realmente não é adulteração? Existe uma coisa chamada fraude metrológica. Quando você abastece no posto, pede pra colocar 20 litros, você vê que na bomba parou os 20 litros e você paga. Mas você nunca viu a gasolina entrando, se realmente entrou o que você pagou. Existe um equipamento eletrônico que é acoplado nas bombas e funciona por um controle remoto, às vezes até mesmo pelo celular, do qual o dono de posto bandido controla a porcentagem que sai da bomba. Ele aperta um botão que reduz 10%, 20%, 30% do volume que era pra entrar no carro. Isso vai enganando as pessoas que dificilmente vão notar o quanto que o carro está consumindo.” (Vicente Ferreira)

Danos ao veículo


O consumidor que abastecer com combustível de procedência duvidosa não sente incômodo apenas no bolso, uma vez que o veículo também sofre as consequências. De acordo com o gerente de oficina mecânica, Rafael Santiago, 35, nos casos de abastecer com gasolina adulterada, é comum que o carro falhe e até mesmo não ligue mais. “O mais comum é trocar velas, cabos de velas, filtro de combustível e filtro de ar. Se for um pouco mais grave, envolve a bomba de combustível e os bicos injetores. Os serviços realizados são as trocas dessas peças, limpeza dos bicos e limpeza do tanque, porque tem que tirar todo o combustível ruim, limpar e colocar outro”, recomenda.


“Quando um posto tem um suposto esquema de adulteração, na maioria das vezes, os frentistas não sabem de nada. O preço nem sempre significa fraude. A maneira mais eficaz de não cair no golpe é fazendo o teste do combustível. Todo cliente tem o direito de pedir o teste de combustível que é feito na presença do mesmo”, comenta o frentista de posto conhecido como “Lorim”, que prefere não revelar seu nome.


Posto bandeira branca x Posto com bandeira


Basicamente, um posto bandeira branca é aquele que não possui ligação com nenhuma outra empresa e o posto bandeirado possui. O que isso quer dizer? O posto bandeirado faz contrato com grandes empresas de distribuição de combustível, como Shell, Petrobrás e Ipiranga, assumindo as diretrizes da distribuidora.


O posto bandeirado, por se vincular a uma grande marca, precisa seguir à risca o contrato que fez, pois não pode sujar o nome de uma distribuidora à nível nacional. Todo mês a gasolina é testada pela empresa para ver se não há adulteração ou para saber se o combustível é realmente deles e não de outra empresa, por exemplo. Caso tenha alguma modificação nos combustíveis, o dono de posto paga uma multa e tem o seu estabelecimento desvinculado da empresa, perdendo a bandeira.


Como o posto bandeira branca não possui vínculo com nenhuma empresa, o dono de posto pode colocar na sua fachada o nome que quiser e, muitas vezes, procura o distribuidor que venda o combustível mais barato. “Então eles podem cair na tentação de comprar naquela distribuidora que ninguém sabe o nome, trabalha às escondidas e vive misturando milhares de solventes nas gasolinas”, revela Vicente Ferreira.


Nota: A assessoria do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindiposto-CE) foi contactada em várias ocasiões, mas não se posicionou até o momento.

 
 
 

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